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Ultrassom Obstétrico com Doppler: Quando realizar?

Para os cuidados do pré-natal a avaliação e predição de riscos são de fundamental importância. Umas das ferramentas mais utilizadas com esse intuito é o ultrassom, permitindo avaliação da saúde fetal por meio de parâmetros biométricos e avaliação do líquido amniótico.

O ultrassom no primeiro trimestre possui a função de comprovar a gravidez, datar a gestação e avaliar possíveis anomalias que comprometam o bem-estar materno e fetal.  Dentre as patologias é possível identificar, por exemplo, restrição de crescimento fetal. Essa condição sabidamente coloca o feto em maior risco de morbidade e mortalidade perinatal, complicações neonatais, paralisia cerebral e doenças crônicas na vida adulta. Para fetos com restrição de crescimento o carro-chefe da avaliação de risco é, sem dúvida, o Doppler de artéria umbilical. Na sistematização do Doppler em obstetrícia, encontramos quatro modelos de apresentação que se relacionam a patologias materno-fetais específicas. O modelo obstrutivo é observado na doença hipertensiva específica da gravidez, o modelo anêmico é visto nos estados hiperdinâmicos da doença hemolítica perinatal, o modelo malformativo relaciona-se às malformações fetais, e o modelo metabólico é encontrado em gestantes diabéticas.

Os dados obtidos no grupo de gestantes que não desenvolveram complicações na gestação mostraram diminuição progressiva nos três índices Doppler (índice de resistividade, índice de pulsatilidade e relação A/B) nos quatro exames realizados. Essa queda nos índices Doppler com o avançar da gravidez espelha uma adequada invasão trofoblástica e a conseqüente multiplicação do sistema viloso, resultando em contínua redução da impedância ao fluxo sanguíneo nas artérias uterinas.

Pesquisadores procuraram determinar a performance de rastreamento para pré-eclâmpsia por meio da avaliação das artérias uterinas entre 11 e 13 semanas de gravidez. Observou-se que a avaliação pelo Doppler de artérias uterinas no primeiro trimestre é particularmente efetiva para a detecção de casos precoces, associado a dados maternos e marcadores bioquímicos. A dopplerfluxometria é o melhor indicador de bem-estar fetal e, as alterações nele observadas, podem ser divididas em precoces (artéria umbilical e artéria cerebral media) e tardias (ducto venoso e veia umbilical). O Doppler da artéria umbilical é o único procedimento de avaliação anteparto da vitalidade fetal que melhora a mortalidade perinatal, conforme estudos randomizados

Estudos demonstram que a dopplerfluxometria das artérias uterinas entre 20 e 24 semanas de gestação tem taxas de detecção de alteração bilateral de 52% quando utilizada sozinha e de 57% quando associada a fatores maternos. Tal avaliação mostrou-se efetiva no rastreio da pré-eclâmpsia severa que necessita de antecipação do parto antes de 34 semanas, com taxa de detecção de 85%.

O Doppler das artérias uterinas com 23 semanas de gravidez apresentando incisura bilateral e IR (índice de resistência) > 0,58, é altamente preditivo de pré-eclâmpsia grave/precoce (antes de 34 semanas). Além disso, avaliação das artérias uterinas possui valor preditivo negativo bastante elevado, sendo assim, pacientes com exame normal possuem risco de desenvolver pré-eclâmpsia semelhantes ao de pacientes de baixo risco.

Nossos dados demonstram a importância da realização do estudo Doppler das artérias uterinas, juntamente a avaliação morfológica, mesmo em populações de baixo risco e que a melhor época para a sua realização se encontra entre 11 – 13 semanas e entre 24–26 semanas de gestação.

DAUT GALVÃO DE FRANÇA JUNIOR
Médico Radiologista da Clínica Diagnóstica

CRM-MS 5743 / RQE Nº: 6418

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